domingo, 21 de setembro de 2014

Número de idosos no Brasil vai quadruplicar até 2060, diz IBGE

Idosos / Agência Brasil
Maior expectativa de vida explica aumento da população acima de 65 anos no Brasil, diz IBGE

Amparado pela maior expectativa de vida, o número de brasileiros acima de 65 anos deve praticamente quadruplicar até 2060, confirmando a tendência de envelhecimento acelerado da população já apontada por demógrafos.


A estimativa faz parte de uma série de projeções populacionais baseada no Censo de 2010 divulgadas nesta quinta-feira pelo IBGE.
Segundo o órgão, a população com essa faixa etária deve passar de 14,9 milhões (7,4% do total), em 2013, para 58,4 milhões (26,7% do total), em 2060.
No período, a expectativa média de vida do brasileiro deve aumentar dos atuais 75 anos para 81 anos.
De acordo com o IBGE, as mulheres continuarão vivendo mais do que os homens. Em 2060, a expectativa de vida delas será de 84,4 anos, contra 78,03 dos homens.
Hoje, elas vivem, em média, até os 78,5 anos, enquanto eles, até os 71,5 anos.

Bônus demográfico

Com a mudança da estrutura etária brasileira, resultado da redução do número de jovens e do aumento da população idosa, o Brasil deve passar por profundas transformações socioeconômicas.
A principal delas diz respeito ao que especialistas chamam de "bônus demográfico" ou "janela de oportunidades".
O conceito engloba as oportunidades que surgem para o país quando o número de pessoas consideradas economicamente produtivas (as que o IBGE considera em idade de trabalhar, entre 15 a 64 anos) é maior do que a parcela da população dependente (ou seja, menores e idosos que não trabalham).
Calcula-se que em 2013 cada grupo de cem indivíduos em idade ativa sustenta 46 indivíduos.
Segundo as estimativas do IBGE, até 2022 esse número irá caindo – indicando um grande número de pessoas economicamente ativas. Nesse ano, porém, ocorrerá uma inversão, chegando em 2033 ao mesmo nível de 2013.
Já em 2060, a proporção deverá ser de 65,9, ou seja, cada grupo de cem indivíduos em idade ativa sustentará 65,9 indivíduos.

Fecundidade

Ainda segundo o IBGE, ao passo que aumentará a expectativa de vida, cairá o número de filhos por mulher.
O coeficiente, representado pela taxa de fecundidade total, é, atualmente, de 1,77 filhos em média por mulher. Em 2030, a previsão é de que o índice caia para 1,5.
Segundo os especialistas, a taxa já está abaixo da considerada necessária para a reposição natural da população, de 2,1 filhos por mulher.
O levantamento destaca que a queda do número de filhos será registrada, inclusive, em Estados que hoje apresentam taxas superiores à média nacional, como o Acre (2,6 filhos por mulher) ou o Amazonas (2,4 filhos por mulher).
Neles, o coeficiente passará respectivamente, para 1,8 filho por mulher e 1,4 filho por mulher em 2030.
De acordo com o IBGE, o menor número de filhos, tendência registrada desde a década de 70, é explicado pelo adiamento da maternidade.
Em 2013, as brasileiras tinham o primeiro filho aos 26,9 anos, em média. Em 2030, ele virá quase três anos depois, aos 29,3 anos.

Crescimento da população

A queda no número médio de filhos por mulher terá um impacto negativo sobre o crescimento da população brasileira, indicam as projeções.
Segundo os cálculos do IBGE, o número de brasileiros vai crescer até 2042, a partir de quando o número de óbitos superará o de nascimentos.
Em 2060, as estimativas apontam que o país terá o mesmo número de habitantes do que 2025 (218,2 milhões).
De acordo com o órgão, a população do Brasil já ultrapassou, em 2013, pela primeira vez, a marca de 200 milhões de pessoas, chegando a 201 milhões até o fim do ano.
Fonte: BBC Brasil

Afinal, foi a Copa que derrubou a economia?

Nos últimos quatro anos, o governo se esforçou em convencer os brasileiros que a Copa do Mundo ajudaria a impulsionar a economia, criando empregos, multiplicando os investimentos e atraindo um grande contingente de turistas para o país.

Moeda (Foto Thinkstock)
Investimentos, produção a indústria e gastos do governo caíram

"O Mundial é uma oportunidade histórica para promovermos desenvolvimento socioeconômico no âmbito local e nacional", disse, por exemplo, Joel Benin, assessor para Grandes Eventos do Ministério dos Esportes, no início do ano. "Ele gerará 3,6 milhões de empregos, movimentará bilhões e deixará um legado importante na área econômica."

A divulgação dos resultados para o PIB confirmou que, como os analistas esperavam, o Brasil entrou em "recessão técnica" no primeiro semestre de 2014 - situação caracterizada por dois trimestres seguidos de crescimento negativo.Passado o evento, porém, consultorias econômicas, como a Tendências e a Capital Economics, fizeram seus cálculos e concluíram que o seu efeito geral sobre o PIB foi nulo ou insignificante. Mas poucas esperavam um impacto negativo.

Segundo dados do IBGE, o PIB do último trimestre recuou -0,6% na comparação com o trimestre anterior e -0,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Também houve uma revisão para baixo do resultado do primeiro trimestre, de um crescimento de 0,2% para uma queda de 0,2%.

Entre os fatores que puxaram o PIB para baixo estão a queda de 5,4% nos investimentos neste trimestre e a redução de 1,5% na produção da indústria. Também houve uma queda de 0,5% nos serviços e 0,7% nos gastos do governo.

Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a culpar a Copa do Mundo – e redução de dias úteis por causa do torneio – pelo baixo desempenho da economia. Mantega também citou o cenário internacional adverso e a seca como motivos para a redução do PIB no 2º trimestre.

Ele, entretanto, negou que o Brasil tenha entrada em recessão.

"Não dá para dizer [que o país esteja em recessão] (...) Não se deve falar em recessão no Brasil pois, para mim, recessão é quando se tem uma parada prolongada, de vários meses. Aqui estamos falando de um, no máximo dois [trimestres]. E recessão é quando se tem desemprego. O emprego continua crescendo e a massa salarial também. Não dá para dizer que a economia está parada. O mercado consumidor não está encolhendo", afirmou Mantega.

Mantega também atribuiu a desaceleração da atividade econômica ao aumento dos juros pelo Banco Central.

Mas a Copa foi a culpada pela queda do PIB no período? Se há consenso de que temos um problema no que diz respeito ao crescimento, o diagnóstico de suas causas está longe de ser uma unanimidade.

Além do Mundial, o governo também culpa o cenário externo desfavorável pela recessão.

Para analistas consultados pela BBC Brasil, as causas do desaquecimento são internas e a Copa até pode ter contribuído um pouco para a queda do PIB no primeiro trimestre ao paralisar alguns setores do comércio e serviços e ajudar a frear a indústria, mas definitivamente não está entre as principais causas da recessão.

'Cereja'

"O Mundial foi apenas a cereja do bolo", diz Alessandra Ribeiro, da Consultoria Tendências.

"A indústria, por exemplo, já vinha reduzindo suas atividades em função de uma série de fatores ligados a más políticas, queda no consumo, expectativas negativas e problemas de competitividade. Quando começaram os jogos seu ritmo caiu de vez, mas o cenário não seria muito mais favorável sem o Mundial."

O economista Cláudio Considera, responsável pelo Monitor do PIB do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) e Neil Shearing, da consultoria Capital Economics concordam.

"O impacto da Copa na economia como um todo – seja ele positivo ou negativo – deve ter sido pequeno.", diz Shearing. "É preciso lembrar que o torneio só ocorreu no final do segundo trimestre – e em abril e maio a performance da economia também foi fraca."

Para os analistas, há pelo menos três razões por trás do desaquecimento.
A principal delas seria o cenário de incertezas das eleições, que teria inibido ainda mais os investimentos em um momento em que eles já estavam fracos.

"O Brasil não está crescendo porque não está investindo", diz Considera.

"E nesse segundo trimestre houve uma queda ainda maior no nível dos investimentos em função das incertezas provocadas pelas eleições: os empresários tendem a não se arriscar e estão esperando para ver quais rumos a política econômica deve tomar."
Ribeiro, da Tendências, concorda.

"Há um descontentamento entre investidores e empresários sobre a política econômica do atual governo, uma percepção de que ela está desequilibrada", diz ela.
Entre os alvos das reclamações nessa área estariam o uso de artifícios como a represa de preços administrados para controlar a inflação, a suposta falta de controle sobre os gastos do Estado, e o que é visto pelos empresários como um excesso de intervencionismo estatal na economia.

"Na dúvida, os empresários estão esperando para investir. Querem ver que governo sairá das urnas antes de tomar qualquer decisão", opina Ribeiro.

Indústria

Uma segundo causa do desaquecimento seriam problemas experimentados pela indústria, que teriam derrubado sua competitividade.
A economista da Tendências cita, por exemplo, o fato de o custo médio dos salários ter aumentado 12,7% desde 2011, enquanto a produtividade do trabalho na indústria cresceu pouco mais de 2,6%.

"Com o tempo isso ajudou a minar sua capacidade de competir com importados e no exterior. Além disso, a indústria automobilística em especial está sendo prejudicada pela queda das exportações para a Argentina", diz.

Shearing menciona como um terceiro fator para o desaquecimento a queda geral dos níveis de consumo, que sustentaram o crescimento nos últimos anos.

"Esse é um dado recente: o consumo começou a cair, talvez em resposta ao aumento dos juros, após um período de boom no crédito e aumento no endividamento das famílias", afirma.

FONTE:Da BBC Brasil em São Paulo
                  por Ruth Costas