quarta-feira, 7 de maio de 2014

Ministro promete nova postura policial durante protestos na Copa

Gilberto Carvalho, durante seminário em Fortaleza, criticou a mentalidade policial brasileira e assumiu que governo errou ao não dialogar com a sociedade sobre a realização do Mundial

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, garantiu ontem um comportamento diferente das forças de segurança durante possíveis protestos na Copa do Mundo. “É natural que ocorram manifestações. Nós queremos que elas sejam pacíficas e democráticas e estamos fazendo um trabalho forte para que a Polícia Militar não trate manifestantes como inimigos”.

A declaração foi feita durante o seminário “Diálogos: Governo-Sociedade Civil: Copa 2014”, cujo objetivo foi apresentar o que seria o legado da Copa e discutir com movimentos sociais e representantes da sociedade civil ações desenvolvidas para o mundial de futebol. A iniciativa pretende reunir governo e lideranças locais em cada uma das 12 cidades-sede do evento esportivo. Fortaleza foi a sexta visitada.

Segundo Carvalho, “a PM é uma herança da ditadura militar”. O ministro, porém disse que isso não significa que manifestações violentas serão aceitas.
Críticas

Não ocorreram manifestações contra a realização do Mundial durante o evento de ontem, que contou com bastante apoio por parte de entidades e grupos da sociedade civil, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), União da Juventude Socialista (UJS) - ligada ao PCdoB -, sindicatos e movimentos sociais. Críticas e cobranças pontuais foram feitas nas áreas da mobilidade urbana, segurança pública, exploração sexual de jovens, garantia de finalização das obras, segurança do trabalho e trabalho voluntário.

Alvos de críticas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Bancários e outras entidades de classe, os temas relacionados ao trabalho voluntário, acidentes de trabalho e empregos gerados foram uns dos mais questionados.
“Oito mortes ocorreram até agora em obras da Copa. Na Alemanha nenhum trabalhador morreu e na África do Sul foram dois. Além disso, qual será a qualidade dos empregos criados?” questionou o representante do Sindicato dos Bancários, Carlos Eduardo.

Falta de diálogo
O ministro também reconheceu a ausência de diálogo com a sociedade. “Demoramos a iniciar o diálogo devido à nossa obsessão em fazer o nosso trabalho. Foi um erro e agora estamos vendo como isso é importante. Comprometo-me aqui a voltar no mês de agosto. Assim que acabar a Copa, faremos uma nova rodada de conversações e firmaremos uma estabilidade desses diálogos”.
 Fonte: O POVO Notícias