domingo, 10 de março de 2013

Grupos protestam contra nomeação de pastor para Comissão de Direitos Humanos da Câmara

São Paulo Integrantes de movimentos sociais e grupos de defesa de negros e homossexuais participaram hoje (9), na capital paulista, de um ato de repúdio à nomeação do pastor Marco Feliciano (PSC-SP), à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Feliciano foi eleito na última quinta-feira (7), com os votos apenas de parlamentares da bancada evangélica. Segundo a organização do manifesto, pouco mais de 500 pessoas compareceram ao ato. A Polícia Militar não estava no local para dar uma estimativa de público.

O pastor é acusado pelos manifestantes de ser homofóbico e racista. Segundo um dos organizadores do movimento, Luiz Ricardi, o pastor já demonstrou, com suas declarações contra negros e homossexuais, que não está apto a ocupar a posição para a qual foi eleito na Câmara. A posição de deputado e pastor não dá a ele o direito de expressar certas opiniões. Temos direitos e perante a lei somos todos iguais. Ele não pode usar a crença dele para influenciar as pessoas contra negros e homossexuais.

Ricardi disse ainda que não há como uma pessoa como deputado, que demonstra repúdio às minorias, defender esses grupos. Não estamos julgando o fato de ele ser pastor ou a religião dele, mas como ele está usando a posição que tem para influenciar a população . Segundo ele, a esperança dos manifestantes é a de que a eleição do pastor seja reavaliada e ele renuncie ao cargo.

Bruno Vieira Maia, que também integra a organização do ato, falou que o protesto pretende chamar a atenção do Congresso Nacional e mostrar que as pessoas não estão alheias ao que acontece nas Casas. Queremos que haja uma mudança de comportamento lá, principalmente aqueles que pensam apenas em interesses de grupos pequenos e não daqueles que eles realmente deveriam representar.
Para ele, a eleição de Feliciano para a função na comissão é um retrocesso e é preciso que os direitos humanos tenham à frente uma pessoa que de fato se importe com as minorias. Há uma massa conservadora que ajuda a colocar esse tipo de fundamentalista nessas posições importantes. Não somos contra os evangélicos, mas somos contra declarações preconceituosas .

No dia da eleição, Feliciano disse que vai propor a criação de um minigrupo para debater todos os assuntos de forma bem democrática . O pastor acrescentou que vai dar a resposta aos contrários ao seu nome trabalhando em defesa dos direitos humanos de todos os segmentos.

O trabalho que vamos executar vai mostrar ao povo brasileiro que não sou homofóbico. E, caso cometesse esse crime [referindo-se a racismo], teria que pedir perdão, primeiramente, à minha mãe, uma senhora de matiz negra , disse o parlamentar na ocasião. Quero lembrar que os direitos humanos são fundamentais. Sei o que é ser discriminado, sei o que se passa em nosso país , discursou Feliciano.
Antes da votação, deputados do PT e do PSOL deixaram a reunião em protesto pela indicação do pastor.

Edição: Talita Cavalcante

Fonte: HN Hoje Notícias