No dia 1º de abril, muitas pessoas pregam peças nos amigos e contam mentiras. No mundo da música, entretanto, a ausência da verdade é recorrente e vários nomes de sucesso já foram classificados como grandes mentirosos, assim como seus fãs, radialistas e praticamente todos os envolvidos no show business.
O Milli Vanilli ficou famoso no final dos anos 80, alcançando altas posições nas paradas de sucesso norte americanas e até mesmo faturando um Grammy. Em um show, a dupla ficou repetindo a mesma frase várias vezes, o que despertou certa suspeita entre os espectadores. Algum tempo depois, a dupla assumiu que as vozes gravadas não eram deles e eles se apresentavam com playback.
O rapper Lil Wayne sempre se gabou no meio da música por ter tomado um tiro e sobrevivido, inclusive falando disso na letra da música “3 Peat”. Esse dado não é falso, no entanto, o músico sempre se esqueceu de dizer que, na verdade, foi ele quem disparou em si mesmo quando tinha apenas 12 anos de idade.
Algumas vezes, os fãs do Daft Punk criaram boatos sobre shows da dupla que nunca chegaram a acontecer de verdade. Além de um website falso do festival Glastonbury e vendas de ingressos para um show de mentira em Xangai, a dupla foi dada como certa numa apresentação com o Phoenix aqui no Brasil, mas isso não se concretizou.
Em 1993, a banda americana The Dwarves inventou num release para a imprensa que o guitarrista conhecido como HeCanNotBeNamed havia sido esfaqueado até a morte. A história foi desmentida tempos depois, mas a gravadora Sub Pop não achou graça e demitiu o grupo.
Muitos beatlemaníacos reproduziram informações sobre um acidente de carro que teria vitimado fatalmente ninguém menos que Sir Paul McCartney em 1967. Com evidências encontradas nas capas do disco, letras de música e outras fontes, a lenda se fortaleceu ao longo dos anos e há quem defenda que o Paul que conhecemos hoje é, na verdade, um sósia do lendário baixista.
Na realidade foi tudo criação de um estudante da universidade de Iowa nos EUA em 1969, num artigo para o jornal do campus. A história se espalhou após ser divulgado pouco tempo depois por um radialista de Detroit.
Os Beatles, aliás, têm outra história mentirosa. Muitos anos após sua separação, um fã fez uma montagem – muito bem produzida, por sinal – misturando linhas de instrumentos e voz de várias fases da banda e das carreiras solo dos integrantes e publicou na internet com um relato enorme afirmando que havia encontrado material inédito do quarteto de Liverpool, e que o disco se chamava “Everyday Chemistry”. Verdade ou não, o resultado é interessante para quem é fã dos Fab Four.
Os mitos sobre os rapazes de Liverpool não param por aí. Pelo menos três bandas já foram acusadas de serem os Beatles operando sob um pseudônimo. Em 1965, o grupo The Knickerbockers lançou a música “Lies”. A voz, praticamente igual à de John Lennon e o ritmo contagiante pareciam vir diretamente dos estúdios de Abbey Road, mas na realidade a banda vinha de New Jersey.
Dois anos depois, os Bee Gees conseguiam seu primeiro sucesso nos EUA com “New York Mining Disaster, 1941”. A gravadora distribuiu a radialistas cópias promocionais do single com o rótulo em branco, dizendo apenas que era uma música nova de “um grupo britânico que começa com B”. A tática funcionou, as rádios pensaram se tratar dos Beatles e o disco entrou na programação.
Em 1973 saía o álbum “1976 Est” da banda canadense Klaatu. O som, assim como nos exemplos anteriores era baseado no da banda de Liverpool e como não havia fotos ou informação sobre os integrantes, adivinhem o que aconteceu?
Enfim, lendas sobre os Beatles abundam e poderiam encher as páginas de um livro. Então voltemos aos outros artistas.
Já no Brasil, em 2012 a imprensa começou a comemorar o aniversário do ícone da MPB Jorge Ben Jor, que estaria fazendo 70 anos. Segundo todas as fontes até então, o cantor e compositor teria nascido em 1942, mas por algum motivo, às vésperas da data começaram a surgir informações, confirmadas por sua assessoria, de que ele havia nascido em 1945. 10 anos antes no entanto, Ben Jor não corrigira ninguém que comemorou seus 60 anos. Quem mentiu? Você decide.
Uma das maiores bandas da história do rock, o Led Zeppelin chegou a ter o brilhantismo de sua carreira levemente ofuscado pelos inúmeros plágios e versões creditadas como músicas próprias.
O grupo de Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham apresentou canções dos outros como se fossem deles mesmos, como “Whole Lotta Love”, “When The Levee Breaks” e “Dazed And Confused”, além de riffs e trechos de “Rock ‘n’ Roll”, “Stairway to Heaven” e “Moby Dick”, sem dar os devidos créditos aos verdadeiros compositores.
Já o rei do rock, Elvis Presley, consta como compositor de algumas músicas, como a famosíssima “Love Me Tender”. Anos depois, em entrevista o cantor desmentiu as informações e assumiu nunca ter composto uma canção sequer.
Outra lenda relacionada ao astro é a infame “Elvis não morreu”. De acordo com os crédulos, o rei do rock é “visto” constantemente em supermercados, estacionamentos, atrás de janelas e inclusive chega a dar telefonemas em que desabafa sobre a “farsa” e a vida que leva atualmente se escondendo por aí. É claro que é tudo uma grande mentira.
Ou será que não?
André Cáceres e Pedro Carvalho
FONTE: Rádio UOL